Adeus, ilusão de 35 anos


Por Nando Castro 

A desaprovação recorde da Presidente da República, a prisão do José Dirceu, os panelaços repentinos durante propaganda do PT em rede nacional e o apelo do presidente da CUT para que a sua militância faça trincheiras e pegue em armas para manter a presidente Dilma no poder, apenas evidencia o óbvio: o povo não quer vê-los em nenhum cargo público, nem quer ouvir uma palavra sequer vindo deles. Com isso, o sonho petista anuncia o seu fim.

Quando o Partido dos Trabalhadores foi fundado em 1980, ele passou a chamar a atenção da sociedade por afirmar que o novo partido era “o que mantinha a ética em primeiro lugar”. Estavam constantemente delatando políticos corruptos e diversos esquemas de desvios de dinheiro. As pessoas que compunham o PT, emocionavam multidões com discursos populistas, em que exaltavam os trabalhadores e criticavam fortemente todas as atitudes vindouras dos donos do poder naquela época.

Porém, após a subida de Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo de presidente da República em 2002, o tão repetido discurso da ética e anti-corrupção, foi, aos poucos, sendo abandonado, deixando de ser o foco do partido ao qual o Presidente faz parte.

Novos rombos nas contas públicas vieram à tona, mentiras parece ter se tornado um princípio básico do partido e, após o Mensalão e o Petrolão terem sido instaurados, a confiança e a esperança que a população brasileira tinha no Partido dos Trabalhadores, foram por água abaixo.

A crítica não é só ao PT, claro. Os outros partidos também tiveram – e ainda tem – uma enorme e massiva participação na corrupção, não há a menor dúvida disto. No entanto, o PT montou a sua imagem criticando toda a corrupção existente no Estado. E bastou eles subirem ao poder para piorarem o quadro de corrupção que já estava em vigor e desviarem ainda mais dinheiro.

Após a reeleição da presidente Dilma Rousseff, o caos parece ter se instalado no país. Com uma enorme estagnação na economia e recordes negativos, o Brasil parece caminhar para um abismo econômico sem fim.

E claro, quem paga a caríssima conta da incompetência governamental são os pagadores de impostos.

Independente dos crimes cometidos que possam legitimar o impeachment, Dilma encontra-se isolada no poder. Sendo cada vez mais abandonada por pessoas e partidos. A palavra “renúncia” parece estar passando diversas vezes na mente da presidente, por mais que ela insista em negar isso.

E após a declaração do presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas ontem (13/06/2015) durante um evento no Palácio do Planalto que contou com a presença ­­­­­­– e aplausos ­­­­­­– da presidente Dilma, a situação de total instabilidade da presidente foi exposta. Vagner Freitas afirmou: “Somos defensores da unidade nacional na construção de um projeto nacional de desenvolvimento para todos e para todas. E que isso implica agora, nesse momento, em ir para as ruas entrincheirados, com arma na mão, se tentarem derrubar a presidenta Dilma Rousseff.”.

A declaração radical e odiosa do Vagner Freitas é apenas um resumo do desespero que nitidamente está ocorrendo nos bastidores da presidente Dilma. O desespero de estar sob ameaça de queda, é extremamente óbvio para todos que estão ao seu redor.

Com isso, o PT também anda isolado. Com pouquíssimos apoiadores e sendo recebidos com panelaços a cada vez que ousam aparecer na TV, a população parece ter ingerido grandes doses de bom senso. Com isso, o sonho petista – ou ilusão de 35 anos –, parece ter chegado ao fim. As promessas não foram cumpridas, a corrupção continuou e foi mais agravada. O poder onipresente e invisível, já não é mais nem onipresente, nem invisível.

Seja por renúncia ou impeachment, independente da maneira como a Dilma deixe o poder, o povo já assinou a sua demissão e o afastamento do PT de toda a vida pública. E como garante a Constituição Federal no artigo 1º: “Todo poder emana do povo”.

E que assim o seja.

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